segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Porque sou um péssimo blogueiro (ao menos por enquanto)

Sei que pode parecer pedante, mas nada que alguém escreva a sério para menos de dez pessoas pode não parecer pedante, concordam?

Provocado por um grande amigo que descobriu o blog por acaso, percebo agora que não escrevo por aqui há muito, muito tempo. Se fosse um virtuose das letras, já seria tempo suficiente para espantar todo mundo. Tratando mal a meus leitores desse jeito, não sei se tenho muito futuro.

Eis que me socorre Rainer Maria Rilke em seu Cartas a um jovem poeta:
Deixe a seus pensamentos sua própria e silenciosa evolução sem a perturbar; como qualquer progresso, ela deve vir do âmago do seu ser e não pode ser reprimida ou acelerada por coisa alguma. (...) Aí o tempo não serve de medida: um ano nada vale, dez anos não são nada. Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa sua seiva e enfrenta tranqüila as tempestades da primavera sem medo de que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir. Mas virá só para os pacientes, que aguardam num grande silêncio intrépido, como se diante deles estivesse a eternidade.
E quem vai poder dizer que meu silêncio não é prudência de quem espera o tempo necessário para florescer em si um texto mais puro, mais verdadeiro? Mário de Andrade, por exemplo, apoiaria os blogs se vivesse nos dias de hoje, ao menos eles impedem que seja gasto papel com tanta coisa ainda por amadurecer:
Devia ser proibido por lei indivíduo menor de idade, quero dizer, sem pelo menos 25 anos, publicar livro de versos. A poesia é um grande mal humano. Ela só tem o direto de existir como fatalidade que é, mas esta fatalidade apenas se prova a si mesma depois de passadas as inconveniências da aurora (...) Escrevam se quiserem, mas não se envolumem.