segunda-feira, 15 de junho de 2009

Reflexões de um jovem pai de família

Como sabem meus seis leitores, fiz aniversário recentemente. E resolvi avaliar o progresso de minha vida fazendo uma comparação com o que meu pai estava fazendo quando tinha a minha idade. Não demorou e acabei me comparando também aos da minha geração.

O que me chamou a atenção primeiro meu pai não tinha filhos nem era casado no seu aniversário de 32 anos. Há uma boa explicação para isso, afinal ele não era formado e não estava plenamente estabelecido como profissional. Mesmo assim, não deixei de imaginar o quanto ele estava perdendo. Digo isso pois estou casado há seis anos e já tenho um filho de três. Naturalmente, neste período eu tive bom emprego na maior parte do tempo, exceto nos dois últimos anos, quando troquei a segurança de uma multinacional pela vida de bolsista. Entender as razões por trás desta troca maluca já seria assunto para um outro post, ou um livro.

Meu ponto é que, um tanto na contramão dos dias atuais, recomendo baseado em minha própria experiência o mesmo que Nélson Rodrigues, quando instigado a dar um conselho aos jovens, sentenciou: "Cresçam!". Hoje vivemos a super valorização da juventude e da imaturidade. Parece feio assumir valores conservadores e mais ainda admitir que já se é um adulto. Fala-se da tal geração "canguru", de homens que vivem na casa dos pais até os 40 anos e que não querem se casar para não largar a boa vida. O seu tempo livre é preenchido com horas de academia, pois é preciso que o corpo reflita a mesma idade que se quer impor ao espírito. Eles querem ser boêmios, sem laços afetivos fortes com ninguém, não admitem sequer o desejo de ter uma namorada firme. Falam aos outros homens como fazem os meninos naquelas rodas em que contavamos nossas peripécias, um amontoado de mentiras com a intenção de impressionar a turma.

Lamento por eles, mas comigo não cola! Poucas coisas na vida podem ser melhores que estar plenamente emancipado, dono do próprio nariz e seguro de ter conquistado as coisas que realmente valem a pena. Nada pode ser mais agradável que um almoço de domingo com a família, com os filhos, sem aquela ansiedade de ficar se perguntando se terá a chance de repetir o programa. Sei que deixei há muito de sentir um certo frio na barriga, que tem lá a sua graça, mas bom mesmo é saber que aquela companhia maravilhosa já se comprometeu, diante de Deus e de nossos melhores amigos, a se esforçar continuamente para ficar ao seu lado pelo resto da vida.

E os filhos? Eles bloqueiam uma série de programas que os "cangurus" adoram. E daí? O que estou realmente perdendo? A oportunidade de ficar em pé, respirando a fumaça do cigarro alheio, com uma música alta que impede qualquer conversa minimamente civilizada...Ora, por favor! Se não conhecesse as delicias da paternidade, já não teria muitos problemas em largar essa vida! E aqui vai uma pequena disgressão: mesmo entre os que já abandonaram a postura "canguru", há quem relute em ter filhos e os substitui por cachorros. Francamente! O dia em que um cão perguntar a você sobre o mundo que o cerca, imitar tudo o que você faz, mesmo os menores trejeitos, ficar cada dia mais parecido com você, até mesmo fisicamente, olhar nos teus olhos e dizer "Eu te amo, papai!", pode até ser...Até lá, a comparação é absurda e ponto final!

Moro longe da casa dos meus pais desde os quinze anos! Não recomendo que se cresça tão rápido assim, pois sei o quanto esse amadurecimento precoce me roubou em diversão. Mas não posso compactuar com adultos de 30 anos que se comportam com se fossem moleques. Gente, é muito bom ser adulto!

4 comentários:

C. disse...

Mais perfeito impossível...

A. disse...

Muito bom o texto. Apesar de deixar subentendido que crescer = adquirir idéias conservadoras (do que eu discordo, obviamente).

Me sinto um pouco no meio de tudo o que você fala: não tenho vontade de respirar fumaça alheia (quando muito, a minha própria) mas também não me motiva muito a idéia de ser pai. Quem sabe outra hora... Aliás, pra isso gosto do conceito de "vocação", tão banalizado em missas dominicais. Acho que tem que se ter vocação pra ser pai e me alegra muito ver um amigo querido feliz em ter se encontrado neste caminho.

No mais, concordo e concordo. Há poucas coisas boas como se sentir adulto, respeitado, digno, humano.

Forte abraço

Anônimo disse...

Muito bom, Alim!

Você bem sabe que penso de modo parecido com o seu em várias coisas (principalmente na parte das "idéias conservadoras"), então creio que não se surpreenda com o fato de que eu assinaria embaixo do post se eu já tivesse família.

Espero que exemplos como o seu ajudem a inspirar ideais mais elevados na nossa e nas próximas gerações.

Um grande abraço!

Leo

Unknown disse...

Que bom que voltou a escrever, eu concordo com tudo que você disse.
Pra mim a coisa mais profunda em min ha vida foi ser mãe de dois filhos maravilhosos.
Um grande beijo.