quinta-feira, 12 de julho de 2007

Fazendo a pergunta certa

Meus três leitores sabem que eu costumo ler as orelhas dos livros para parecer mais culto do que sou, para impressionar e para me divertir com o efeito que isso tem sobre as pessoas. Ainda assim, o leitor de orelhas não pode ter preconceitos com as orelhas que lê.

Outro dia estava com o um livro na mão, tinha por volta de 100 páginas, capítulos curtos e capa com um subtítulo começando com gerúndio. Está claro que era um espécime muito bem definido de auto-ajuda. Para piorar tudo, um editor que escolhe o seguinte título: "Você é mais capaz do que pensa".

Dito dessa forma, não parece que o livro pudesse acrescentar qualquer coisa de útil. Ou inútil, mas minimamente interessante.

Um dos piores problemas é o título, parece que os editores de livros resolveram aprender com o distribuidores de filmes aqui no Brasil. Em inglês é "QBQ - Question Behind the Question". A idéia central do livro não é provar que somos mais capazes do que pensamos, mas propor um método, muito simples, para aumentar a nossa responsabilidade pessoal.

Ter responsabilidade pessoal é parar de se fazer de vítima, de reclamar e de ficar adiando tudo. São coisas que irritam muito, mas que exercem uma atração muito grande. Como diria o Millôr Fernandes, "errar é humano, culpar o outro pelo erro é mais humano ainda".

A proposta é mudar a forma com perguntamos as coisas. Quantas vezes não ouvimos, ou nos fazemos, as seguintes perguntas:

- Por que isso está acontecendo comigo?
- Quando é que alguém vai me treinar?
- Quem foi o corno que deixou isso aqui?

São perguntas que não resolvem (Por que?), servem para apontar culpados (Quem?) e nos mantém inertes (Quando?). A proposta é trocar essas perguntas por outras mais eficientes. As regras para isso são:

- A pergunta deve começar com "Como" ou "Que". Não deve começar com "Por que" ou "Quem" ou "Quando"
- Ser em primeira pessoa (do SINGULAR!)
- Usar um verbo de ação, no presente.

Esse livro me marcou profundamente. Sou procrastinador (isso vocês já sabem), reclamão e também gosto de me fazer de vítima. Agora tenho um jeito bem fácil de saber que estou caindo nas velhas tentações. Termino com a versão da prece da serenidade proposta pelo livro:

"Ó Senhor, que eu tenha serenidade para aceitar as pessoas que não posso mudar
coragem para mudar aquela que eu posso mudar
e sabedoria para saber que...essa pessoa sou eu!"

Um comentário:

Unknown disse...

Como eu gosto desse texto!
(consegui! Como, 1a pessoa e verbo de...er...ação no presente!);-)