quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Inventário Literário

Ser um leitor de orelhas não implica necessariamente não gostar de ler do modo convencional. É que eu nunca teria a cultura que aparento se me limitasse ao jeito certo de ler os livros!
Esse ano, por exemplo, ainda estamos em fevereiro e já li:
Os Números - Georges Ifrah: A fascinante história de como a humanidade em suas diversas culturas aprendeu a contar e a representar os números. O livro mostra que princípios básicos para a sociedade de hoje faltavam na Europa de Montaigne (que confessa por escrito não saber fazer contas). Outra curiosidade: ninguém consegue enumerar mais de 4 objetos diferentes sem contá-los. Tente você mesmo....
Auto-engano - Eduardo Gianetti da Fonseca: Este livro é bem denso, mas recheado de saborosas histórias para explicar por que e como conseguimos nos enganar, processo bem mais complexo e cheio de facetas do que aparentemente julgaríamos.
Auto-estima do seu filho - Dorothy Briggs: Este é O livro para quem vai ser pai ou mãe. Recomendo fortemente, mas devo alertar sobre uma coisa que descobri por acaso: a edição americana tem 7 capítulos a mais que a brasileira. Como pode uma editora ter tamanha cara-de-pau! Como eles podem decidir o que nós devemos ou não ler?
Elite da Tropa - vários autores: Depois de toda a (ótima) polêmica a respeito do filme do ano de 2007, resolvi ler o livro. Confesso que o filme me causou mais impacto que o livro, mas o fato é que a nossa polícia é muito ruim. E isso não tem a ver com salário, prestígio ou vontade política. É uma engrenagem em que os corruptos são alimentados e os virtuosos não tem muita chance. Como bem disse o Capitão Nascimento: "Na PM, ou o cara se corrompe, ou se omite, ou vai para guerra". Infelizmente, nenhuma das opções é boa para a sociedade.
Código da Vida - Saulo Ramos: o advogado, ex-Ministro da Justiça, ex-Consultor Geral da República conta suas histórias que começam nos tempos do Jânio. Se você gosta de política como eu esse livro é quase obrigatório. Se você não gosta do FHC, vai ter boa munição depois de lê-lo (atenção lulistas, não se iludam pois é bem possível não gostar tanto de Lula quanto de FHC). De minha parte, fica claro que o PT é muito pior!
Médico doente - Dráuzio Varella: Fantástico relato do famoso médico sobre o período em que teve febre amarela e quase morreu. Como em "Carandiru" e "Por um fio" o autor mostra seu olho sensível para as relações humanas e faz uma interessante inversão de papéis tornando-se agora paciente.

E vocês, HQNV, Rabugento e demais leitores, o que têm lido? Façam um intercâmbio e me ajudem a parecer cada vez mais culto!

6 comentários:

Unknown disse...

Em dois meses você já leu 06(seis) grandes livros. Isso é muito importante. Talvez essa seja a melhor herança que o seu pai lhe deixou. O gosto pela leitura.

A. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
A. disse...

Desses aí, eu li o "Elite...". É raro, mas realmente, nesse caso, o filme me pareceu melhor.

(O "é raro", ambíguo, se refere ao fato do filme ser melhor que o livro e ao acontecimento de concordarmos) ;-)

Dos outros, pelas resenhas, só fiquei com vontade de ler o dos números e o do D.V.

Da parte de cá, reli o "insustentável" do Kundera. Não lembrava (ou não tinha entendido quando li da primeira vez) do joguinho que ele faz com a sinfonia de Beethoven (que se repete e se reforça, passando a mesma mensagem) e a própria história que ele conta no livro. Vou reler, de novo, qualquer dia.

Li também aquele do Lodge, do qual te falei. "Nice work"... Nice book! :)

Abraços!

Alys

webeatriz disse...

Olá, posso (indiretamente indicada pelo Alys) entrar na lista e ser o N0. 7 da tua lista de leitores?

Sobre leituras 2008. Eu mais comprei livros , do que li, ou melhor, do que conclui leitura.

janeiro: Da música - seus usos e recursos (Ma.Lourdes Sekeff) - leitura técnica, vale?

Fevereiro: O Futuro da Humanidade (Augusto Cury) engatei no cap.17;

março - 1808 (Laurentino Gomes)- sobre a vinda da Familia real para o Brasil ; tijolaço

abril - Cartas à Mãe - Direto do Inferno (Ingrid Betancourt); pungente

Outro dia , no aeroporto de Brasilia, diante do fenomenal atraso, me pus de castigo no canto e li todinho "A Gaia Ciência" de Nietzsche.

Para maio o desafio está em tentar concluir os iniciados e vencer a dificuldade do vocabulário e ler L' attrape-coeurs (J.D.Salinger).

Unknown disse...

Acabei de ler "Homem bom é homem morto", da Gaby Hauptmann, que eu herdei de alguém que herdou de alguém que tinha herdado de alguem que não tinha lido. A história é bem interessante, embora o texto não seja especialmente bem escrito (não sei como era em alemão!)

Enfim, não é chique, não é clássico, ( gente não carrega embaixo do braço e nem lê no metrô mostrando a capa), mas foi divertido. :o)

alimped disse...

Webeatriz,
De lá para cá eu terminei o "Genealogia da Moral". Se fosse escolher um outro para ler, seria esse "Gaia Ciência". Mas Nietzsche é muito pesado para mim.