quarta-feira, 9 de maio de 2007

De como um marxista me tornou liberal

Leo Huberman, muito obrigado!


Já fui de esquerda. Daqueles de usar estrelinha do PT, fazer mil discursos contra "as elites", julgar outros como crápulas por não partilharem da minha ideologia e todos os cacoetes a que estamos expostos tão infelizmente nos últimos tempos.

Não sei direito quando tudo começou. Tem uma influência paterna, certamente. Meu pai gosta muito de política e é um defensor ferrenho do governo Lula até hoje (acho que não tem mais cura para ele). Mais tarde, nas quinta e sexta séries tive uma professora de história e geografia que era uma verdadeira doutrinadora da esquerda (e existe outro tipo?). Ela falava muito sobre como a história que estudávamos era a versão dos vencedores, de como a distribuição de riqueza no mundo era desigual, tinha simpatia pelo Fidel, ódio dos EUA e das multinacionais. O colégio em que eu estudava era particular e logo os pais da classe média dali começaram a ficar muito incomodados. A professora foi demitida e lembro bem o quanto isso me revoltou! Hoje tenho um filho pequeno e entendo bem a preocupação daqueles pais.

Assim me tornei um eleitor, cheguei a votar na legenda em muitas eleições. Passar cheque em branco para o PT, como é duro admitir que já fiz isso na vida...Fui assinante de Caros Amigos, cheguei a fazer panfletagem contra um projeto de cobrar mensalidades em universidades públicas, sabe lá quantos não convenci na minhas discussões políticas...

Foi quando aconteceu. Tinha na cabeça um livro que era muito comentado quando fiz o ensino médio: "A História da Riqueza do Homem". Sabia muito bem que livro era todo escrito usando a materialismo dialético de Marx e que o autor esperava ganhar consciências para a esquerda. Sem saber o que pedir de amigo secreto, já no fim da faculdade, acabei ganhando o livro.

Trata-se de um livro muito bem escrito, simples e coloquial, empolgante até. Um dos capítulos trata do liberalismo econômico, o movimento de laissez faire, laissez passer, que o livro traduz com bastante eficácia para "Deixe-nos em paz!". Foi nesse momento que alguma coisa mudou no meu mundo das idéias. Achei isso tudo muito radical e bonito: deixe as pessoas livres! Livres para produzir o que bem entenderem, livres do jugo estatal, livres da imposição de taxas. A questão da liberdade falou tão fundo em mim que cheguei a conclusão de que a grande revolução não era a de uma ditadura do proletariado, mas a de construir uma sociedade verdadeiramente livre.

Nem continuei a leitura, tão fascinado que estava com as minhas novas idéias. Mais tarde eu fiquei me perguntando, por que Leo Huberman fez uma descrição tão simpática do liberalismo econômico, a ponto de converter um leitor para a direita? Tenho certeza que não era essa a sua intenção ao escrever o livro. Minha teoria é que a dialética marxista entendia que o liberalismo econômico era um passo fundamental para a construção do socialismo. Ele geraria uma burguesia cada vez mais rica e opressora, fomentando a luta de classes. Já ouvi até dizer que havia um ditado no Brasil entre os militantes de esquerda em 1960: "Não dê esmolas, não atrase a revolução!". Depois descobri alguns teóricos que encontram na ascensão da burguesia durante a Revolução Francesa o nascimento das duas correntes aparentemete antagônicas, o comunismo e o liberalismo. Seriam como duas faces de uma mesma moeda, pois ambos separam a economia da moral e ancoram-se em valores puramente materialistas.

Não é o meu caso! Acredito sinceramente que o Estado é parte do problema e não da solução. Nem por isso sou um materialista, a questão para mim é menos de riqueza e mais de liberdade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hehehehehe.... Acho que o Tio não tem remédio que o cura....Kkkkk. É uma doença crônica..... PT, PT, PT, PT, PT, PT, PT.... Abração.

Magno R. Castro