quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Tem alguma coisa fácil nessa vida?

Minha mulher gosta de citar um frase fantástica:
Sempre que ouço alguém reclamar que a vida é difícil, sinto vontade de
perguntar: comparada a quê?

Faço esse preâmbulo porque vou começar a reclamar da minha vida difícil!

Sempre acalentei o sonho de ser professor. Lá atrás, nos tempos do colégio, quando começou a minha paixão pela matemática, também surgiu a vontade de ser professor. Na época de escolher a profissão tive dúvida entre seguir uma carreira na matemática ou na engenharia, mas o senso prático acabou falando mais alto, as opções como engenheiro são maiores e também estudei muita matemática. Eu me lembro especialmente de como ficava ligado para ouvir alguma dúvida dos colegas ao meu lado, para então explicar-lhes aqueles conceitos todos, mesmo que eles não quisessem!

Quando terminei a faculdade, tive dúvida de novo em seguir imediatamente uma carreira acadêmica ou tentar a sorte em alguma empresa. Novamante, falou mais alto o lado prático, já que viver de bolsa por mais sei lá quanto tempo não me pareceu muito tentador frente ao salário que me ofereciam nas empresas.

Mas sempre ficou aquele sonho, aquela imaginação do que teria sido o caminho que eu não escolhi. Eu que sou sonhador, meio romântico, ficava imaginando o quanto seria bom fazer aquilo que eu realmente gosto. É comum a gente cair na armadilha de pensar que trabalhar no que se gosta é pura diversão. "Imagina que delícia ser um jogador de futebol profissional, ganhar uma grana para jogar bola, coisa que fazemos de graça numa boa...". Algumas semanas de aula já foram o bastante para me mostrar que no sonho era muito mais fácil!

Confio no meu taco, sei que tenho uma boa didática, é uma das minhas únicas características pessoais que admiro. Mas só isso não está adiantando. Passei o último fim de semana trabalhando feito um camelo para preparar o material para os meus alunos, que já tinham reclamado com o coordenador do curso que não estavam entendendo nada, que o nível da aula estava acima da capacidade deles, que continuando naquele ritmo viria o apocalipse...E mesmo com toda essa preparação, a aula terminou como uma batalha perdida, para todo mundo. E o pior é ouvir a reclamação dos dois lados, pois um aluno veio me dizer que eu não tenho que desanimar, que os alunos que reclamaram deveriam estar melhor preparados e se não estão isso não é problema meu, são uns preguiçosos....Quer dizer, mesmo que eu prepare a minha aula para essa turma mais fraca (seria mais preguiçosa?) tenho que me preocupar com os bons alunos também.

Menos ilusão daqui para frente e mais trabalho duro. Estou só começando e ainda tenho muito o que aprender. Vou repetir esse troço como um mantra até acreditar nisso!

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu disse que só escreveria aqui quando tivesse algo ao meu respeito... questão de honra, sabe?!! Toda hora fica falando desse "HQNV" (que diga-se de passagem, se acha!! Acha até que sabe fazer um HC...)...
Mas diante da citação e do assunto, tenho que me manifestar...
Não gosto das pessoas que reclamam da vida mesmo. Acho que a gente tem que se jogar de corpo e alma no que faz, fazer disso a melhor coisa do mundo e ser feliz...
Mas escrevo de fato porque tem outra frase que eu gosto muito: "a humildade é a verdade"
O dia que meu marido lindo se convencer disso, vai sofrer menos...
Querido, são pouquíssimas no mundo as pessoas inteligentes e capazes como você... eu sei que sabe disso, só precisa acreditar!!!

alimped disse...

Nossa, querida, obrigado!
Ganhei um afago tão gostoso, devia ter falado de você há mais tempo :)
Eu tenho me jogado de corpo e alma nas minhas aulas, aprendi isso com você. Se é pra fazer, tem que ser bem feito! A parte de "fazer disso a melhor coisa do mundo" é onde eu patino mais...

Unknown disse...

Alim,
Sabe o que é mais espantoso? Tem dias em que a gente leva horas preparando uma aula que parece genial, e ela não "pega". Não entendem o que você tinha achado óbvio, entendem logo de cara o que você tinha preparado com uns 10 passos porque parecia complexo, enfim, problemas técnicos de calibragem ....

Aí, você não prepara sua aula. Vai enrolando, se enrolando, e se vê com uma mísera meia hora para ter uma idéia genial. Senta, desesperado, rascunha uma estratégia que parece óbvia e vai pra aula meio desanimado, já sabendo que não vai ser boa.

E, adivinha? Aquela é a melhor aula do curso. (Não estou dizendo que a gente não tem que preparar. Aliás, acho que as horas preparando as anteriores é que amadureceram a que ficou ótima, aparentemente "do nada". Mas que é estranho, é...)

Coragem, professor!